Mudanças nas filições dos partidos podem levar a um terramoto no Parlamento Europeu

, por Noah Wheatley, Tradução de João Dias

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Mudanças nas filições dos partidos podem levar a um terramoto no Parlamento Europeu
© European Union 2018 - European Parliament

A plataforma Europe Elects acompanha regularmente os números das sondagens em vários países europeus e realiza projeções para as eleições do Parlamento Europeu no próximo ano com base nos valores nacionais. Noah Wheatley, responsável pelo acompanhamento da Dinamarca e do Reino Unido, comenta os números das sondagens mais recentes.

PPE vai mais uma vez manter a liderança mas deve perder lugares

Na última projeção Europe Elects, o PPE vai manter a sua posição de maior partido no Parlamento Europeu. Apesar da projeção indicar uma perda de 32 lugares, o PPE pode esperar eleger uma vez mais a presidência da Comissão Europeia depois das próximas eleições, graças à sua bancada de 185 lugares. Alguns membros da bancada do PPE vão sentir-se mais aliviados após o compromisso recente do primeiro ministro húngaro, Viktor Orbán, para com o partido. Isto pode, contudo, abrir brechas dentro do grupo, depois de algumas vozes internas terem apelado ao seu afastamento. Pode ainda haver um agravamento das relações com Viktor Orbán, no seguimento do voto favorável da Comissão das Liberdades Cívicas do Parlamento Europeu ao início de um processo de sanções contra a Hungria por violação do princípio do estado de direito e das liberdades cívicas por parte do governo húngaro.

S&D deverá manter-se em segundo lugar

Os tempos são de inquietação para o grupo S&D. Embora se deva manter como o segundo maior grupo do Parlamento Europeu com 141 deputados, as projeções indicam uma perda de 48 lugares. Isto deve-se em parte à saída dos eurodeputados do Partido Trabalhista britânico, mas os partidos social-democratas estão a atravessar um momento problemático um pouco por toda a Europa. Isto é visível na Alemanha, onde o SPD teve um resultado eleitoral sofrível. Nem tudo são más notícias, uma vez que o partido socialista espanhol está a passar por um crescimento nas sondagens desde que o seu líder Pedro Sánchez tomou posse como Primeiro Ministro no mês de Junho. Além disso e de acordo com as sondagens, os social-democratas dinamarqueses parecem estar numa posição segura. Para o grupo S&D ter um melhor desempenho nestas eleições será preciso retirar ilações destes dois partidos sobre como manter a popularidade nos tempos que correm.

ALDE continua em alta

O grupo liberal ALDE passou por um crescimento recente de popularidade, de acordo com a última projeção Europe Elects, crescimento esse que deve levar a um ganho significativo de 42 deputados no Parlamento Europeu, dando-lhe um total de 110 lugares. Isto pode ser, em parte, resultante do crescimento do partido espanhol Ciudadanos ou de um aumento de apoio ao FDP alemão. No geral, o panorama parece positivo para o grupo ALDE mas ainda há que resolver a questão de Emmanuel Macron e do seu partido LREM. A decisão de lançar o seu próprio grupo no Parlamento Europeu ou de integrar o grupo ALDE pode muito bem ser o tudo ou nada para os liberais europeus.

Crescimento do ECR mas prevêem-se perdas

A última projeção mostra que o grupo ECR vai sofrer perdas pesadas, atingido apenas um número de 44 deputados no Parlamento Europeu, comparado aos 73 conseguidos nas últimas eleições. São tempos preocupantes para o grupo ECR, que vai perder um grande número de lugares devido à partida dos conservadores britâncos após o “Brexit”.

Contudo, parece que o grupo conservador está a tentar preencher este futuro vazio na sua bancada. Recentemente foi anunciado que o grupo chegou a um acordo com o partido de extrema-direita e anti-imigração, Democratas Suecos. Isto pode representar uma perda menos gravosa para o grupo ECR se os Democratas Suecos tiverem um bom resultado nas eleições. No entanto, esta aproximação gerou críticas, algumas delas indicam que esta mudança pode tornar o grupo ECR num partido ferozmente eurocético.

GUE/NGL obtém o quarto lugar enquanto o EFDD se evapora

A projeção Europe Elects indica que o grupo de esquerda GUE/NGL vai sair das próximas eleições mais forte do que os grupos ECR, ENF e EFDD. O grupo de esquerda deverá eleger 58 deputados, bastante à frente dos grupos ECR e EFDD, que deverão eleger 44 e 49 deputados respetivamente, e ainda à frente do gruo ENF que deverá obter 52 lugares.

Se as projeções são generosas para com o grupo GUE/NGL, o mesmo não se pode dizer do grupo EFDD. Tudo indica que as eleições de 2019 vão representar uma verdadeira ameaça à sua existência, não por causa de uma perda de de deputados mas devido à saída de partidos. Como foi referido anteriormente, os Democratas Suecos vão deixar o grupo EFDD e aderir à bancada do ECR. Parece também que o grupo EFDD não serve o Movimento Cinco Estrelas de Luigi Di Maio, que tem aspecto de ser mais pró-europeu do que se pensava anteriormente. Verificando-se este cenário, o grupo EFDD não vai cumprir os requisitos mínimos de apresentar deputados oriundos de sete estados membros da UE para poder formar um grupo, levando assim ao seu desaparecimento.

A sobrevivência do grupo ENF

O grupo de extrma-direita ENF de Marine Le Pen deverá ganhar 15 lugares, de acordo com a última projeção Europe Elects, que lhes atribui um total de 52 deputados, em comparação com os 37 obtidos em 2014. Este número baseia-se no pressuposto que o grupo vai conseguir reunir deputados oriundos de pelo menos sete países. A bancada do ENF pode tentar reforçar os seus números com deputados do grupo EFDD, se este último realmente desaparecer. Em alternativa, os partidos mais à direita do grupo ECR podem aderir à bancada do ENF, se aquele grupo conservador tiver um mau desempenho nas eleições de 2019. O optimismo do grupo ENF também vai ser reforçado graças à subida recente nas sondagens do partido italiano Lega de Matteo Salvini, cuja popularidade cresceu desde a entrada em funções do novo governo italiano.

Grupo G/EFA vai manter-se no Parlamento

O grupo G/EFA deverá manter-se no parlamento mas vai tornar-se na bancada mais pequena, com apenas 34 deputados face aos 51 eleitos em 2014. O grupo G/EFA espera que o seu maior membro, a Aliança Alemã 90’/Os Verdes, volte a eleger os actuais 11 eurodeputados. Uma coisa com que o grupo dos Verdes pode contar é com a base geográfica, já que o grupo inclui deputados oriundos de 13 países, bastante acima do número mínimo exigido de 7 países. Apesar disso, tudo indica que a maior preocupação do grupo G/EFA nas eleições de 2019 vai ser evitar perdas.

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